sábado, 2 de outubro de 2010

O Bicho Vai Pegar


Neste domingo dia 3 de outubro, ao escolher o sexto mandatário pós-ditadura militar 964/85, mais de 135 milhões de brasileiros renovam por mais quatro anos o título de país livre, num dos mais belos rituais da democracia. São pouco mais de 20 anos de liberdade política, mal se começou a construção de um verdadeiro estado de direito. Votar é um gesto simples que confirma – como diz a tecla das nossas urnas eletrônicas – não haver salvação fora desse sistema imperfeito mas eficaz porque renovável.  
O Brasil engatinha na senda democrática. Recapitulemos. Em 1989 elegeu-se Collor, substituído por Itamar na metade do mandato. Depois, em 94 e 98, veio Fernando Henrique Cardoso. Só depois, em 2002 e 2006, vingou o Lula. Em cinco pleitos, apenas quatro nomes e duas reeleições em primeiro turno. 
Agora, em 2010, marcado pela Lei da Ficha Limpa, que procurou banir candidatos processados na Justiça, o jogo virou quase um plebiscito entre dar continuidade ao governo Lula ou trocá-lo por algo que não se sabe muito bem o que seria. Indiscutivelmente, mesmo que seja preciso ir ao segundo turno, a grande figura da atual disputa eleitoral é o atual presidente da República, com seus quase 80% de aprovação popular.  
As pesquisas pré-eleitorais dos últimos seis meses mostraram uma tendência pela continuidade no governo federal e na maioria dos estados. Sem zebras à vista, o máximo que se vislumbrou,  na segunda quinzena de setembro, foi a possibilidade de a eleição presidencial ir para o segundo turno devido ao “fator erenice”. 
Aparentemente, o recente episódio da demissão da ministra Erenice Guerra, da Casa Civil, provocou danos leves na candidatura oficial de Dilma Rousseff, e não gerou benefícios a seu adversário direto, José Serra, que ficou no mesmo patamar de antes. Em terceiro lugar, Marina Silva teria ganho algum alento, mas não o suficiente para virar um jogo praticamente definido desde o final da Copa do Mundo. Ou, seja, a maioria do povo estaria naquela de achar que não se deve mexer em time que está ganhando. 
Mesmo levando algumas bolas nas costas, nos últimos anos o time de Lula conquistou várias vitórias principalmente nos campos social e econômico. Teve sucesso também em fóruns internacionais. Sua última proeza foi a transferência de boa parte do seu capital político para Dilma Rousseff, virgem eleitoral aos 60 anos e surfando na onda do crescimento econômico com uma prancha da marca PAC.    
Faltando o resultado das urnas, já sabemos que vêm aí cerca de seis meses de conversações, surpresas, desconfianças e incertezas. É um jogo de pressões para formar a equipe de governo, conversar com aliados internos e externos, tourear os adversários e “segurar” os investidores para que não estraguem a festa de nossa transição democrática.    
Façamos votos para que a persona eleita em 3 de outubro tenha pulso firme, jogo de cintura e margem de manobra para estabelecer o novo em seu projeto de governo. O “novo”, no caso, seria colocar o ambiental na frente do econômico, encaminhando de forma mais decisiva o zeramento das dívidas ecológica, social e econômica.
Podemos esperar tamanha novidade? Tomara que sim. É um dilema que se colocará mais cedo do que se espera. Quem se antecipar levará vantagem pois, ali adiante, o  bicho ambiental vai pegar. 
Apesar das evidências de que o clima da Terra está batendo pino, os líderes mundiais, com raras exceções, continuam apostando no modelo rotineiro de desenvolvimento econômico, o que implica na produção de um volume enorme de dejetos sem tratamento adequado. No Brasil de 2010, nenhum dos  candidatos a presidente foi fundo nessa questão, já que a maioria dos 135 milhões de eleitores brasileiros parece indiferente às convulsões climáticas do planeta. 
Assim, a busca do reequilíbrio ambiental ficou praticamente fora do debate eleitoral, restringindo-se a questões pontuais. Cada um na sua, todo mundo está mais preocupado em garantir o pão de cada dia, manter o próprio capital e/ou salvar o próprio trabalho,  construir a casa própria e/ou pegar aquela obra pública, tudo de acordo com os paradigmas de um modelo econômico sem futuro. Assim se confirma o status quo
e adiam-se as reformas para mais adiante.   
LEMBRETE DE OCASIÃO 
As escolhas eleitorais de 3 de outubro se refletirão na gestão dos nossos recursos naturais

Geraldo Hasse

2 comentários:

  1. Excelente texto querida amiga !!
    Obrigada por compartilhar !
    se todos tivermos a consciência da grandeza desta decisão na hora de votar, com certeza contribuiremos para um País melhor !
    Grande beijo e um excelente fim de semana pra você !

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  2. minha querida eu sei q vc vai ganhar,ñ sou de ESPRITO SANTO,mas estou com vc ..........eu sou do rio de janeiro ............

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